A Copa acabou e, apesar dos pesares, deixou saldos positivos para a sustentabilidade no Brasil

 Por Sofia Jucon, Jornalista especializada em Meio Ambiente e Sustentabilidade

     A realização da Copa do Mundo 2014 no Brasil está sendo considerada a "Copa das Copas" pela FIFA. Para nós, brasileiros, há algumas controvérsias, diante da ineficácia do país para resolver problemas de longa data nas áreas da educação, moradia, saúde, saneamento, e muitas outras.

     Ainda tovemos que ver a seleção brasileira ser derrotada, implacavelmente, por países que, ao contrário do nosso, são exemplos bem-sucedidos em todas essas áreas e, muito mais...enfim, vamos mudar de assunto e falar sobre os saldos positivos que surgiram e, entre eles, um dos que eu mais gosto, que é a questão da sustentabilidade.

     No campo das emissões de GEE (Gases de Efeito Estufa), o Brasil quer dar um "show de bola" ao querer ser o primeiro a compensar todas as emissões geradas em uma copa da FIFA. "O Brasil compensou mais de nove vezes a quantidade estimada de emissões de carbono geradas diretamente pela realização da Copa do Mundo da FIFA 2014", disse Izabella Teixeira, ministra do Meio Ambiente, em entrevista coletiva dia 10 de julho, no Centro Aberto de Mídia João Saldanha (CAM), no Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro. Segundo ela, o país parte agora em busca de um recorde: ser o primeiro do mundo a compensar 100% das emissões, diretas e indiretas, de gases de efeito estufa emitidos durante o Mundial da FIFA.

     "Além de compensar as emissões diretas da Copa, o Brasil buscará mitigar também 100% das emissões totais do evento - estimadas em 1,4 milhão tCO2eq", disse a ministra. As emissões indiretas decorrem principalmente do transporte aéreo internacional para o evento. "O Brasil é o primeiro país do mundo a buscar, de forma voluntária, compensação de tudo que foi emitido por uma Copa do Mundo da FIFA", informou a ministra. As 545,5 mil tCO2eq já neutralizadas correspondem a 39% do total das emissões diretas e indiretas.

     Izabella comentou ainda que o objetivo agora é transmitir a tecnologia para os Jogos Olímpicos de 2016. "Esperamos agora dialogar com pessoal das Olimpíadas e traduzir esse ganho, também com o intermédio do Ministério do Esporte, para poder certificar tudo ambientalmente", antecipa a ministra.

     Os números são resultado do programa Iniciativa Baixo Carbono na Copa, lançado pelo Ministério do Meio Ambiente para estimular empresas que atuam no Brasil a doar créditos de carbono e, assim, ajudar a compensar as emissões geradas pela realização do Mundial. A ministra disse que 16 empresas aderiram voluntariamente até agora à chamada pública de doação de créditos de carbono, mas salientou que o prazo para entrada de novas entidades continua aberto até 18 de julho.

     A adesão não envolve qualquer transação finaceira e as companhias que participarem da inicativa recebm o Selo Baixo Carbono. Ainda nesta área, a ministra destacou ações desenvolvidas pelos estados e cidades-sede voltadas à mitigação das emissões, como a Certificação das Arenas, os Planos de Gestão de Resíduos e Reciclagem, iniciativas de mobilidade urbana, como as ciclovias, e o uso de combustíveis menos poluentes (biodiesel e etanol).

     Entre as inciativas de destaque está o mPrograma Gol Verde, em Salvador, que instituiu que cada gol da Copa, na Arena Fonte Nova, equivaleria ao plantio de 1.111 mudas da Mata Atlântica, Com 32 gols feitos na Fonte Nova, mais de 35 mil novas árvores serão plantadas em um parque da capital baiana.

     Outra iniciativa sustentável de sucesso durante a Copa é o Passaporte Verde, coordenada pelos ministérios do Meio Ambiente e do Turismo e pelo Pnuma - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, que incentiva a população local e visitantes a participarem de um futuro mais sustentpavel, com padrõesw mais adequados deconsumko e produção. Tendo como alvo imediato a Copa do Mundo, mas com uma visão de longo prazo, a ação engajou empresários e turistas, brasileiros e estrangeiros.

     Com o sologan "Eu cuido do meu destino", a campanha Passaporte Verde tem tido cerca de 1.000 novos acessos por dia na website, no aplicativo móvel e nas mídias sociais. Estruturados com os governos estaduais e municipais das 12 cidades-sede, os roteiros trazem mais de sessenta opções de passeios que estimulam vivenciar a sustentabilidade em momentos de laser.

     "A campanha Passaporte Verde no Brasil é pioneira no trabalho internacional do PNUMA", disse o diretor executivo do programa, Achim Steiner, na coletiva de imprensa. Steiner acrescentou que espera que o Brasil se torne um modelo para o consumo e a produção sustentáveis, e no desenvolvimento dessa ferramenta de informação.

     Essas são duas das ações do Plano Operacional de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Copa 2014, coordenadas pelos ministérios do Meio Ambiente, do Esporte, do Turismo, do Desnevolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e do Desenvolvimento Agrário (MDA), e pelo Pnuma, em parceria com os estados e cidades-sede.

     Outras dessas ações é a Gestão de Resíduos e Recicláveis, sob a coordenação do MMA, que possibilitou a inclusão de 2.400 catadores e a coleta seletiva de mais de 182 toneladas de materiais recicláveis nos estádios nas 12 cidades-sede.

     Na Copa de 2014, o Brasil lançou também a Campanha de Consumo Consciente, com o objetivo de promover produtos orgânicos e a produção da agricultura familiar do país. A campanha atuou em duas frentes: os 18 mil voluntários participantes do Programa de Voluntariado do Governo Brasileiro (BRasil Voluntário), que atuam fora das arenas, receberam um kit de alimentos orgânicos não perecíveis, adquiridos pelo MDS em uma modalidade inédita de compra institucional; as cidades-sede receberam Quiosques de Comercialização de Produtos Orgânicos e da Agriocultura Familiar, com a participação de cerca de 60 grupos e associações de produtores, que representam 25 mil famílias agriocultoras de todo o país. O objetivo, além da comercialização, é que a campanha deixe como legado uma cadeia produtiva cada vez mais organizada e estruturada.

     Esta também será a primeira Copa do Mundo emque todos os estádios seguiram modelos de construção e gestão sustentável capazes de obter certificação internacional. Das 12 arenas, seis já obtiveram o selo LEED (Leadership in Energy and Environmental Desing), reconhecido internacionalmente: Castelão, Fonte Nova, Arena Pernambuco, Arena da Amazônia, Maracanã e Mineirão.

     "Nosso legado para a área ambiental é um tremendo legado", apontou a ministra. "Sairemos da Copa em outro patamar em termos de certificação e de gestão sustentável de eventos esportivos, que vai ser usado por organismos internacionais como metodologia para eventos globais", destacou Izabella.

Sofia Jucon escreva a Coluna "Ambiente Sustentável" quinzenalmente na Revista Norminha.

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